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THE SKIN GAME

Dermocosmética, reviews, aconselhamento

Glossário de ingredientes usados na dermocosmética

 

Eventualmente hei-de explorar com mais afinco cada um destes ingredientes ao longo de posts futuros. Contudo, e como sou uma pessoa que gosta de se referir a princípios activos ao longo dos posts, mas ao mesmo tempo sei que vocês não têm obrigação de saber do que raio estou eu a falar, decidi fazer aqui um mini glossário de ingredientes mais comummente falados por aqui, de modo a que possam ter sempre este post como referência caso tenham dúvidas sobre eles. É possível que este glossário vá crescendo à medida que me vá apercebendo de alguma falha ou omissão, por isso fiquem atentos e guardem-nos aí pelos favoritos para poderem consultar sempre que acharem necessário.

 

Se quiserem pesquisar por algum termo mais específico nesta lista, podem sempre utilizar a função de pesquisa do vosso navegador. Geralmente acede-se a ela com a combinação de teclas Ctrl + L (se estiver em português) ou Ctrl + F (se estiver em inglês). Depois disso abre-se uma caixinha de pesquisa de palavras na qual podem escrever o termo que querem pesquisar. Exemplos de termos de pesquisa: acne, hiperpigmentação, desidratada, seca, oleosa, fotoenvelhecimento, seborreica, sensível, idade.

 

Ácido ascórbico (Vitamina C) – tem propriedades antioxidantes, de clareamento da pele, de regulação da biossíntese de colagénio e fotopprotectoras, contudo tem pouca estabilidade nas formulações cosméticas, devendo obtar-se por fórmulas estabilizadas como ascorbil fosfato de magnésio. Tem efeito sinérgico com o tocoferol, devendo ser usados em combinação para melhores efeitos. Melhora a protecção contra UVB quando usada em cnjugação com um protector solar anti-UVB. É geralmente usado na prevenção do fotoenvelhecimento e na prevenção do aparecimento de manchas na pele.

 

Ácico azelaico - agente despigmentante (inibidor indirecto da tirosinase) e antibacteriano (utilizado na acne). É particularmente eficaz nas manchas pós-acneicas e funciona bem em peles de fotótipos altos, mas pouco eficaz em hiperpigmentação relacionada com a idade e em sardas. Serve como tratamento e prevenção da acne bacteriana.

 

Ácido cítrico – ver alfa-hidroxiácidos

 

Ácido ferúlico – antioxidante botânico, protege a pele contra a vermelhidão provocada pelos raios UVB quando usado em combinação com um protector solar anti-UVB. Aumenta a estabilidade das fórmulas com Vit C e E. Tem um bom poder de penetração. É usado habitualmente na prevenção do fotoenvelhecimento.

 

Ácido glicólico – ver alfa-hidroxiácidos

 

Ácido hialurónico – componente que ocorre na derme e que controla características bioquímicas e físicas das células epidérmicas e regula a actividade da pele a nível de conteúdo de água, elasticidade e na distribuição de nutrientes. Consegue reter até 10x o seu peso em água e é utilizado na dermocosmética como agente hidratante. O seu efeito dura de 24 a 48h, pelo que é mais eficaz com aplicação diária. O ácido hialurónico pode ser dividido em ácido hialurónico de baixo peso molecular (com maior poder de penetrabilidade, uma vez que são moléculas de menos dimensões) e ácido hialurónico de alto peso molecular (menor poder de penetrabilidade, mas aumenta o conforto na pele desidratada). O ideal é optar por uma fórmula que contenha ambos, mas deve-se procurar sempre por produtos que contenham ácido hialurónico de baixo peso molecular.

 

Ácido kójico – agente despigmentante que actua através de um mecanismo antioxidante, sendo um inibidor da tirosinase. Tem eficácia equiparável à hidroquinona nas hiperpigmentação relacionada com a idade.

 

Ácido láctico – ver alfa-hidroxiácidos

 

Ácido mandélico – ver alfa-hidroxiácidos

 

Ácido salicílico – ver beta-hidroxiácidos

 

Água de rosas – adstringente e calmante

 

Alantoína – extracto botânico com propriedades cicatrizantes, calmantes e protectoras contra agentes externos como o vento frio. Pensa-se que contribui para a estimulação de de novo tecido e que ajuda a cicatrizar pele danificada. É comummente usada em preparações para pele sensível e acneica, sendo que alguns derivados têm propriedades anti-seborreicas.

 

Álcoois – existem vários tipos de álcoois na dermocosmética. O álcool desnaturado/etanol/álcool SD e o álcool isopropílico estão entre os que devem ser evitados, uma vez que levam à secura da pele em grandes concentrações (são habitualmente encontrados nalguns tónicos destinados à pele oleosa). Por esta razão, são habitualmente evitados por quem tem pele sensível, embora não hajam estudos que verificam que têm propriedades sensibilizantes. Álcoois como o cetílico ou o estearílico não costumam provocar este tipo de resposta, pelo que são considerados mais seguros, servindo mesmo como emolientes.

 

Alfa-hidroxiácidos (AHA)– inclui ácido glicólico, ácido mandélico, ácido láctico, ácido cítrico, ácido málico, ácido pirúvico e ácido tartárico. São também chamados de ácidos de frutos, uma vez que têm proveniência em extractos botânicos. As suas principais funções são como hidratantes, esfoliantes químicos e emolientes, sendo também usados em casos de hiperpigmentação e fotoenvelhecimento. Uma vez que aumentam o turnover celular, têm sido utilizados em tratamentos anti-idade. Podem também ser usados no tratamento de patologias como a hiperqueratose folicular, dermatite seborreica, dermatite atópica e ictiose. São geralmente indicados para casos de pele acneica, hiperqueratósica e para quem quer prevenir o envelhecimento. Uma vez que removem as camadas superficiais do extracto córneo da epiderme, são fotossensibilizantes, pelo que se deve sempre utilizar protector solar aquando do tratamento. Os mais usados são o ácido glicólico e o ácido láctico, sendo que o ácido cítrico é habitualmente utilizado como corrector de pH em fórmulas e o ácido mandélico é habitualmente direccionado para o tratamento de peles acneicas. A legislação limita a utilização destes ácidos até 15% em produtos sem prescrição, podendo ser utilizadas concentrações superiores por dermatologistas.

 

Aloé vera – tem propriedades calmante, anti-inflamatórias e emolientes, sendo habitualmente utilizado em formulações para peles hiperreactivas ou expostas à radiação UV em excesso.

 

Arbutina –despigmentante inibidor da tirosinase derivado da hidroquinona, consegue prevenir a formação de melanina. Tem menos efeitos secundários do que a hidroquinona, embora a eficácia comparativa não esteja claramente determinadaa. É particularmente usado em prevenção de pigmentação associada à idade.

 

Argila – inclui a bentonite e o caulino, entre outros. São principalmente utilizadas pelas suas propriedades adsorventes de água e óleo, podendo ser misturadas com alguns ingredientes por forma a providenciar máscaras para todos os tipos de pele, incluindo pele seca (argila amarela) e pele sensível (argila rosa).

 

Bentonite – ver argila

 

Beta-hidroxiácidos (BHA) – o principal beta-hidroxiácido é o ácido salicílico. É principalmente usado como esfoliante químico e é particularmente utilizado no tratamento da pele acneica, uma vez que também possui propriedades anti-inflamatórias e baixa o pH da pele, evitando o desenvolvimento microbiano. No tratamento anti-idade parece melhorar o aspecto das rugas e rídulas.

 

Biotina (Vitamina B7/vitamina H) – composto anti-seborreico, mas a sua utilização a nível tópico é questionável. Geralmente utilizado em produtos para pele oleosa.

 

Bisabolol – composto extraído da camomila, com propriedades calmantes e anti-inflamatórias, muito utilizado em tratamentos para pele sensível ou hipereactiva.

 

Bromeleína – derivada do ananás, é utilizada como esfoliante enzimático, adequada para peles sensíveis ou hiperreactivas.

 

Cafeína – tem propriedades drenantes, sendo utilizada em tratamentos anti-celulíticos e em cremes para a zona ocular com efeito descongestionante (anti-papos).

 

Caulino – ver argila

 

Cera de abelha – agente emoliente que serve também como espessante de fórmula. É comum aparecer em produtos para pele seca ou muito seca.

 

Ceramidas – família de lípidos  que actuam na camada superficial da pele, formando uma barreira protectora contra a perda transepidermal de água. São muito utilizadas como reparadoras cutâneas no caso de pele seca e ajudam a manter a hidratação nas peles desidratadas. São também recomendadas para pele sensível ou hiperreactiva como no caso da rosácea.

 

Coenzima Q10 (ubiquinona) – antioxidante com grande potência utilizado em tratamentos preventivos anti-idade.

 

Colagénio – agente hidratante e protector da perda transepidermal de água, eficaz mesmo nas peles sensíveis. É dos ingredientes mais usados nos produtos para pele desidratada.

 

Dióxido de titânio – protector solar físico com actividade anti-UVA e anti-UVB. Pode ser usado em diversos tamanhos, incluindo nanopartículas. É também frequentemente utilizado como corante branco em produtos dermocosméticos, pelo que a sua presença na lista de ingredientes não significa automaticamente que tenham protecção solar.

 

Esqualano / esqualeno – excelentes hidratantes e lubrificantes, compatíveis com os lípidos presentes na pele. Muito utilizados em formulações para pele seca e muito seca.

 

Flavonóides – antioxidantes de origem botânica, incluem a hesperidina, quercetina, rutina, proantocianidinas e catequina.

 

Glicerina –humectante, capacidade de absorver e reter água, sendo por isso extensamente utilizado em fórmulas para pele desidratada. É um bom hidratante, facilita as reacções enzimáticas na pele e promove a descamação da camada corneocitária da epiderme. Em grandes concentrações pode ser comedogénica.

 

Gluconolactona – antioxidante e anti-acneico, ajudando também na hidratação da pele.. Particularmente indicado para prevenção de fotoenvelhecimento, produtos antiacneicos e hidratantes.

 

Hamamélis – extracto botânico habitualmente utilizado na pele com excesso de exposição solar, e como anti irritante e calmante. Contudo, pessoas com rosácea devem evitar este ingrediente uma vez que pode despoletar crises. Aparente ter acção antioxidante e potenciar a protecção anti UVA e anti-UVB quando utilizada em conjugação com protectores solares.

 

Hidroquinona – despigmentanto inibidor da tirosinase, é considerado o standard de ouro nos tratamentos despigmentantes, embora os seus efeitos sejam principalmente de prevenção. Contudo, é um potencial carcinogénio e pode provocar despigmentação total de certas zonas da pele. Foi banido em certos países, mas continua a ser utilizado por prescrição médica noutors.

 

Lanolina – ingrediente de origem animal, é um emoliente bastante eficaz e com pouca incidência de reacções alérgicas. É utilizada em fórmulas comohidratante e emulsificante e usado na forma pura como protecção e agente de regeneração na zona do mamilo em lactantes, uma vez que não necessita de ser removido antes da amamentação.

 

Manteiga de karité – emoliente eficaz em peles secas ou muito secas. É potencialmente comedogénico, pelo que deve ser evitado em peles com tendência acneica.

 

Mel – hidratante e calmante, particularmente usado em fórmulas para pele seca a muito seca. São-lhe atribuídas propriedades antibacterianas. Pode provocar reacção alérgica em pessoas alérgicas a pólens.

 

Niacinamida / Niacina – formas da Vitamina B3 usadas em cosmética, que auxiliam na pele seca e desidratada, principalmente por reduzirem a descamação e restaurarem a elasticidade.

 

Octocrileno – protector solar químico com protecção anti-UVB, com propriedades de resistência à água e boa fotoestabilidade. Pode provocar reacção alérgica em pessoas com historial de fotoalergia.

 

Óleo de amêndoas doces – emoliente, aumenta a elasticidade da pele.

 

Óleo de argão – emoliente e humectante. Possui na sua constituição tocoferol, ácidos gordos essenciais, ácido fenólico e carotenos, exibindo propriedades antioxidantes.

 

Óleo de melaleuca – óleo bactericida e fungicida, adequado a peles oleosas e com tendência acneica.

 

Óleo de rosa mosqueta – óleo regenerador, cicatrizante e emoliente, ajuda também no controlo da produção de sebo. É uma fonte natural de ácidos gordos essenciais e ácido retinóico, podendo ser usado no tratamento anti-idade.

 

Óleo mineral – ver parafina

 

Óxido de zinco – protector solar mineral com protecção anti-UVA e anti-UVB, com efeito sinérgico quando combinado com protectores solares orgânicos. Quando usado em grandes concentrações é também adstringente, antisséptico e anti-bacteriano, sendo muito comum em pastas para a muda da fralda.

 

Pantenol (pró-Vitamina B5) – aumenta a penetração de outros compostos e estimula a proliferação celular e reparação dos tecidos. Pela sua capacidade humectante, é muito usado em preparações para pele desidratada. Tem também actividade na pele demasiado exposta à radiação UV e actua como calmante e anti-inflamatório.

 

Papaína – enzima extraída da papaia, frequantemente utilizada como esfoliante enzimático. Adequado a peles sensíveis.

 

Parabenos – conservantes de excelência, bacteriostáticos e fungistáticos. Podem causar reacção alérgica a uma pequena percentagem da população. Apesar de um estudo ter descoberto parabenos em carcinomas da mama, nenhum dos estudos seguintes conseguiu determinar actividade carcinogénia nestes produtos, pelo que são considerados perfeitamente seguros (apesar de ser comum o mito urbano de que não devem constar de produtos dermocosméticos, que não tem qualquer base científica).

 

Parafina (óleo mineral) – emoliente eficaz, de baixo custo. Ao contrário daquilo que geralmente se pensa, a parafina é um ingrediente seguro, que não bloqueia os poros. Contudo, existem alternativas melhores, embora mais caras, pelo que a sua substituição é geralmente recomendada (em particular pela sua origem ser o petróleo, um recurso finito). É eficaz em pele seca ou muito seca.

 

Péptidos – polímeros de cadeia curta de aminoácidos. Geralmente são moléculas de dimensões que não permitem a sua pentração na pele, pelo que o seu uso nos tratamentos anti-idade ainda é discutível, uma vez que não foram estabelecidos os mecanismos de acção e eficácia. Nas fórmulas encontram-se sempre com a palavra "peptide". Pensa-se que os péptidos de cobre possam ter acção antioxidante, embora nunca tenham sido comparados com antioxidantes conhecidos como a Vitamina C ou E. Regra geral, a única actividade comprovada dos péptidos é a de hidratação da pele.

 

Polifenóis – antioxidantes de origem botânica, com funções no reforço do colagénio e elastina enquanto previnem a degradação dos tecidos. Incluem as epigalhocatequinas, epicatequinas e o resveratrol. São habitualmente usados nos tratamentos anti-idade, acne, rosácea, hiperpigmentação e pele de grão irregular.

 

Resorcinol – antisséptico e calmante, é habitualmente usado em preparações para pele acneica uma vez que também ajuda a fazer uma esfoliação química. Pode ser irritante, pelo que deve ser evitado na pele sensível.

 

Resveratrol – antioxidante polifenólico proveniente da uva, com efeito protector sobre a glutationa e actividade anti-inflamatória. É habitualmente usado nos tratamentos anti-idade como prevenção do aparecimento de rugas e rídulas.

 

Retinóis – O retinol é o principal composto, sendo usado para tratar condições associadas ao envelhecimento como o aparecimento de rugas ou rídulas, sendo um dos poucos ingredientes com eficácia comprovada. É também utilizado no tratamento da acne, rosácea e queratose actínica. Quando comparado com o ácido retinóico, é menos sensibilizante e tem melhor penetração. Contudo, a aplicação de retinol deve ser feita com cuidado, introduzindo lentamente este composto nos cuidados diários e aumentando a sua frequência à medida que a pele tolera. A tretinoína ou ácido retinóico é um derivado da Vit A, habitualmente utilizado em tretamentos na acne. Apesar da sua eficácia, está associado a um número alargado de efeitos secundários como secura da pele, hiperssensibilidade, irritação, fotossensibilização, vermelhidão e descamação. Quando se utilizam estes tratamentos, deve-se alterar o regime de cuidados de rosto. O retinaldeído é um retinóide suave ao qual se atribui o aumento da espessura da pele sem produção de eritema. O retinil palmitato é um agente hidratante que se converte na pele em ácido retinóico, aumentando a espessura epidérmica, e aumentando a elasticidade da pele sem apresentar os efeitos adversos do ácido retinóico. É habitualmente associado a ácido glicólico por forma a aumentar a sua penetração e é eficaz na redução do número de rugas e rídulas, bem como da sua profundidade.

 

Silicones (mais comum - dimeticone) – usados para preenchimento de espaços na pele para sensação de pele mais regular, bem como para servir de base a maquilhagem. Ajuda a prevenir a perda transepidermal de água, sendo usado em produtos para peles desidratadas ou secas.

 

Surfactantes (agentes tensioactivos) – produtos capazes de formar micelas. São capazes de eliminar a gordura, sendo frequentemente utilizados em agentes de limpeza. O laurilsulfato de sódio (SLS) tem tendência a causar irritação na pele, devendo ser evitado.

 

Tocoferol – antioxidante potente, com efeito sinérgico com o ácido ascórbico (vit C)

 

Tretinoína – ver retinóis

 

Ubiquinona – ver coenzima Q10

 

Ureia – agente queratoplástico em baixas concentrações (emoliente) e queratolítico em altas concentrações (esfoliante químico). É geralmente utilizado em baixas concentrações para tratar a pele seca e em altas concentrações para hiperqueratose folicular, psoríase, pele muito seca na zona dos pés ou mãos ou calosidades.

 

Vitamina A - ver retinóis 

 

Vitamina C – ver ácido ascórbico

 

Vitamina E – ver tocoferol

 

Zinco – oligoelemento particularmente útil no tratamento de pele com tendência acneica ou com dermatite seborreica, uma vez que impede a proliferação bacteriana e fúngica e controla a produção de sebo. Promove a síntese de colagénio na derme e a queratinização do extracto córneo.

 

Fontes:

http://www.paulaschoice.com/cosmetic-ingredient-dictionary/

Milady Skin Care and Cosmetic Ingredients Dictionary

Começar na dermocosmética

Este não deixa de ser um post um pouco difícil de escrever, porque a verdade é que nós começamos na dermocosmética desde que somos recém-nascidos e nunca a largamos realmente. Vai haver sempre nem que seja um boião azul da Nivea por perto, portanto não há realmente aquele momento em que uma pessoa começa mesmo do zero nestas coisas.

 

Olhando para o meu caso, consigo definir dois momentos que foram quase um início nestas lides: a primeira vez que fui à farmácia comprar uma gama de cuidados de rosto para a minha pele super sensível e quase acneica quando tinha uns 13-14 anos e por volta dos 22-23 anos quando decidi que se calhar era altura de começar a procurar cuidados de rosto diferentes, até porque a minha pele tinha mudado bastante e os que usava já não eram adequados. Suponho que uma grande maioria das pessoas tem este último mais perto dos 30 em que pensa "olha, se calhar começava a usar alguma coisa na cara antes que as rugas comecem a aparecer".

 

De qualquer modo, aqui fica um pequeno guia de como podem começar nestas lides:

 

1. Determinem quais as necessidades da vossa pele

 

Eu sei que esta é provavelmente a mais difícil, mas espreitem este post para uma ajuda. Vai sempre ter a ver com aquilo que sentem que a vossa pele faz. E aqui fica uma mini checklist para procurarem questões que queiram ver resolvidas acerca da vossa pele:

  • excesso de oleosidade
  • poros muito visíveis
  • acne
  • pele rugosa
  • pele sem brilho
  • manchas
  • pele seca (dificuldade em absorver produtos, rugosa, perda de elasticidade, sensação de repuxamento)
  • pele desidratada (absorção muito rápida de tudo o que é colocado na pele, descamação, sensação de repuxamento)
  • rugas/rídulas
  • prevenção de fotoenvelhecimento
  • sensibilidade
  • rosácea
  • dermatite seborreica
  • psoríase
  • dermatite atópica

 

2. Procurem produtos adequados

 

Agora que já estabeleceram as vossas prioridades de acção, está na hora de encontrar produtos adequados. Em breve vou fazer um post sobre alguns ingredientes que devem procurar para cada questão, que infelizmente tudo o que eu gostava de ter aqui no blogue para usar como referência cruzada entre posts ainda não existe, mas prometo-vos que lá para sexta-feira ele sai.

 

3. Estabeleçam prioridades a nível de produtos

 

Claro que é muito giro ter uma colecção infinita de produtos que resolvem todos os problemas e mais algum, mas a menos que tenham orçamento infinito, isso não vai acontecer às primeiras.

Portanto aqui temos de estabelecer prioridades. O que é que precisam de comprar desde o início?

  • um bom agente de limpeza - aqui procurem em duas frentes: produtos adequados às vossas necessidades e produtos que sintam que seriam capazes de usar todos os dias sem vos dar a preguiça. Não adianta de nada comprarem o melhor bálsamo no mercado se depois olham para ele e pensam "eu não tenho paciência para puxar água quente e esfregar a cara depois de aplicar isto". Conheçam os limites da vossa paciência e pensem na aplicação em várias fases da vossa vida. Assim evitam gastar dinheiro desnecessariamente. Ah, e não esquecer que convém sempre evitar coisas que façam espuma e/ou que deixem a pele mesmo limpinha e a chiar, porque esses produtos estão a remover mais do que deviam da vossa pele. Uma dica: para peles oleosas, e por muito estranho que possa parecer, uma das melhores coisas que podem fazer é apostar num óleo de limpeza porque "semelhante dissolve semelhante". Para peles secas, os leites e bálsamos costumam funcionar muito bem.
  • um ou dois bons séruns - é com os séruns que vocês vão tratar aquilo que realmente vos preocupa, uma vez que têm o melhor poder de penetração. Apostem em marcas que investem em ingredientes específicos por oposição a "extractos de plantas raras apanhados à meia noite enquanto se dança a conga". Esse tipo de coisas dá perfeitamente para um hidratante, porque dele só se quer uma boa protecção e nutrição da pele, mas os séruns servem para funções específicas e é melhor apostar em ingredientes conhecidos e reconhecidos pela eficácia em tratar aquilo que vos preocupa.
  • um hidratante/óleo - dependendo da vossa preferência, podem optar por hidratante clássico em creme ou emulsão ou então por um óleo. Aqui já podem dar largas à imaginação dentro dos aromas que preferem desde que escolham um adequado à vossa pele. Há que ter noção das coisas básicas como se tiverem pele oleosa, afastem-se de tudo o que disser "riche", mas aqui têm mais liberdade. Lembrem-se que os óleos adequados funcionam muito bem em peles oleosas.
  • protector solar - existem protectores solares para todos os gostos e para todos os problemas de pele à face da terra, com vários graus de protecção, com cor ou sem ela, químicos ou físicos, com ou sem nanotecnologia, muitos deles preparados para servir de base à maquilhagem.
  • outros: dependendo daquilo que procuram ver melhorado, podem necessitar de um produto concentrado de aplicação localizada. Este tipo de produtos é muito comum em casos de pele acneica, hiperpigmentação ou pele envelhecida. Se tiverem algum problema localizado, podem optar por resolvê-lo com um destes concentrados em vez de comprarem um sérum específico.

 

4. Vão às compras em sítios que tenham bom aconselhamento

 

Um bom aconselhamento pode sempre dar uma ajuda extra no vosso auto-diagnóstico de pele (às vezes acertamos um pouco ao lado e anos de experiência da pessoa que nos está a atender podem fazer milagres pela nossa pele). Por outro lado, saibam que há limites para o aconselhamento e estão livres de dizer que não a algo. Fujam a sete pés daqueles que vos tentam impingir tudo dentro da mesma marca (ainda não percebi esse mito urbano de que temos de usar todos os produtos da mesma marca e da mesma gama para eles resultarem melhor - se não resultam sozinhos é porque lhes falta qualidade) ou que não sabem discutir princípios activos e fórmulas convosco.

O aconselhamento deve ser uma troca de experiências para chegar aos melhores produtos e não uma imposição de produtos de uma das partes. Mencionem produtos com os quais se deram bem no passado, discutam texturas e eficácia. Um bom conselheiro consegue dar resposta a isto tudo e facilmente chegarão a produtos adequados à vossa pele (não se esqueçam que sem o vosso feedback eles também não podem fazer milagres, digam-lhes o tipo de texturas com que se deram bem, refiram produtos dos quais gostaram, tudo isto ajuda a chegar ao produto mais indicado).

Não se esqueçam que podem sempre pedir amostras, mas que estas de pouco servem a não ser para perceberem se se dão bem com a fórmula (a nível de reacções alérgicas, textura e aroma). Não peçam amostras com o intuito de ver se resulta, porque resultados são coisa para se ver ao fim de um mês e não de dois dias.

Gamas de cuidados de rosto para homens

Antes de mais, há que dizer que os homens podem perfeitamente utilizar os cuidados de rosto que habitualmente menciono aqui. Os problemas de pele que os homens apresentam são em tudo semelhantes aos das mulheres, por isso o tratamento é essencialmente o mesmo (excepção feita à barba, mas se ainda houver por aí mulheres barbudas no circo até nisso são iguais a elas).

 

Contudo, eu sei que muitas das embalagens de cuidados de rosto aqui mencionada acabam por ter sempre linhas com design mais destinado a mulheres, portanto e porque o meu amigo P. reclamou que não havia aqui posts sobre cuidados de rosto para homens, fiquem lá com algumas sugestões de gamas desenhadas especificamente para homens, com embalagens que não comprometem o vosso nível de testosterona e não suscitam perguntas como "por que é que tens um creme cor de rosa no WC?" (que não havia mal nenhum, já era bem tempo de assumirmos que as meninas podem gostar de azul e os meninos de cor de rosa)..

 

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Começamos pela Nuxe, porque eu adoro esta linha. Tem um aroma absolutamente maravilhoso que faz lembrar um perfume bem conhecido para homem e, apesar de não ter muitos produtos, o feedback que tenho deles é óptimo. Tem produtos para cuidados pós-barbear e hidratante de rosto e olhos. Encontram-na em farmácias e parafarmácias.

 

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 Passamos a outra das minhas favoritas, a linha da The Body Shop, que tem produtos fabulosos para barbear (incluindo um pincel) e cuidados de rosto para pele oleosa e seca. É que, apesar da grande maioria dos homens ter tendência a ter pele oleosa, também existe quem tenha pele seca, e muitas vezes as marcas esquecem-se desse pormenor. Encontram-nos em lojas da The Body Shop.

 

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 A Clarins também tem uma linha para homem, principalmente direccionada a cuidados anti-envelhecimento e a cuidados pós-barbear, com a qualidade habitualmente associada a esta marca. Podem encontrá-los em perfumarias.

 

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 Depois de ter levado uma reformulação de imagem (quando apareceu as embalagens eram castanhas), a Lierac aumentou também a linha, dedicando-se a produtos anti-envelhecimento além do pós-barbear. Apesar de não serem muitos, gosto que haja alguma escolha dentro dos hidratantes de rosto. Encontram-nos em farmácias e parafarmácias.

 

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 Ao contrário das outras marcas citadas, que tinham uma gama direccionada para homem, esta marca é toda ela desenhada com o consumidor masculino em vista. Portanto, se procuram produtos desenhados para homens, bem podem começar pela Anthony. Têm de tudo: produtos para o barbear, pós-barbear, problemas associados à barba como os pêlo encravados, protectores solares e vários hidratantes diferentes, bem como séruns (que não são um produto fácil de encontrar para homem). As linhas têm nomes que permitem facilmente identificar os compostos principais e têm produtos com ácido glicólico, Vitamina C, retinol, argila e péptidos. É uma marca muito interessante que aposta em ingredientes reconhecidos pela sua eficácia e podem encontrá-la em perfumarias.

 

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 Ainda na cosmética selectiva, podem encontrar também a linha da Clinique para homem. A linha é principalmente dedicada ao pós-barbear e a produtos para o cuidado de peles oleosas e inclui até um esfoliante com ácido glicólico (parece que a moda dos tónicos esfoliante chegou finalmento aos homens). Podem encontrá-la em perfumarias.

 

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 Voltando às gamas de farmácia, temos a Vichy, que tem apostado cada vez mais nestes produtos. Uma das inovações mais recentes e mais vendidas é o hidratante para quem tem a famosa "barba de 3 dias", fácil de espalhar e com a garantia de não deixar a barba colada. Têm vários outros produtos disponíveis e uma gama interessante de hidratantes, e pelo preço vale a pena espreitar.

 

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 Por fim deixo-vos com a gama para homem da Kiehl's, com grandes apostas a nível de cuidados para a barba e para pele oleosa, contando também com alguns produtos anti-idade Podem encontrá-la nas lojas Kiehl's.

Transferência de produtos entre embalagens

Existem diversos motivos que nos levam a transferir um produto da sua embalagem original para outra embalagem, entre eles o transporte de produtos em férias/viagens (que geralmente exige embalagens mais pequenas), ou o facto de não nos darmos bem com a embalagem original, etc. Só que a verdade é que existe alguma ciência nisto de transferir substâncias entre embalagens. Perdoem-me este post que é quase um tratado, mas prometo que vão ficar a saber algumas coisas importantes se o lerem todo.

 

Embalagem sem resíduos de outros produtos e limpa

 

Esta é lógica, certo? Só que temos de ver o que é o conceito de limpo neste caso... geralmente são produtos que vão ser utilizados na pele, certo? Aquilo que vos aconselho é que lavem muito bem a embalagem, eliminando resíduos de óleos e afins que pudessem estar contidos na fórmula anterior. Depois, passem muito bem por água para eliminar resíduos do produto que usaram na lavagem e, por fim, deitem um pouco de álcool, assegurem-se que atinge todos os pontos da embalagem e deixem evaporar. Uma vez que apenas o contacto prolongado com álcool danifica alguns tipos de plástico (nomeadamente o 1, 3, 6 e 7) e não danifica o vidro, esta lavagem rápida com álcool não deverá alterar a embalagem.

Nota: Na desinfecção do que quer que seja utilizando álcool, usem sempre, sempre álcool a 70º ou 70% (geralmente o da embalagem amarela) porque é o único que funciona como desinfectante. O álcool a 96º (que geralmente tem embalagem azul) não é um antimicrobiano mais poderoso só por ser mais concentrado, na verdade este álcool é realmente bom é para assar chouriço e pouco mais. Resumindo o mecanismo de acção, o álcool torna a membrana das bactérias permeável à água, fazendo com que entre água dentro delas e elas rebentem. Para isso é preciso que haja água suficiente para elas rebentarem, e isso só existe no álcool a 70º (em que 30% é água, ao contrário dos 4% do álcool a 96º).


Embalagem nova feita de material igual à original

 

Eu bem sei que esta não é fácil, mas é uma que realmente exige atenção. Uma pequena historinha relativamente a este facto: uma vez abri uma embalagem de amostra de um óleo e, como não o usei todo, deitei o que sobrou num potinho da TBS. Uns dias depois, quando fui limpar a casa de banho, notei que havia óleo por todo o lado à volta desse potinho. O que tinha acontecido? O óleo tinha corroído o plástico, tinha aberto um furo e tinha-se espalhado pela superfície.

Pronto, isto apenas para vos explicar que é um cuidado realmente necessário. O problema maior aqui é que, ao contrário do que aconteceu no meu caso, muitas vezes as alterações da embalagem e/ou do produto nela contido não são visíveis, ou seja, quem olhar para o produto até pensa que não houve qualquer alteração e pode continuar a utilizá-lo. Só que... o material da nova embalagem pode reagir com o produto que lá pusemos dentro e pode inactivar os compostos. Ou pior, pode modificá-los de tal forma que podem tornar-se prejudiciais à pele. E esta alteração pode dar-se em menos de 24h, por isso mesmo que pensem que é só para levar numa viagem de 2 dias, tenham cuidado.

Os produtos cosméticos são geralmente embalados no material mais adequado àquele produto, ou seja, num material que não reage com ele. Portanto aqui a regra é olhar para a embalagem e ver o que temos. Se a embalagem for de vidro, a forma mais segura é arranjar uma outra embalagem de vidro. Se for de plástico, já dá mais trabalho. Certamente conhecem aqueles símbolos no fundo das embalagens de plástico que geralmente são usados para fazer a separação e reciclagem. Pois são mesmo esses números que vamos utilizar, pois eles correspondem ao tipo de plástico que é utilizado na embalagem. Assim, os produtos contidos em embalagens com o símbolo 1, têm de ser colocados noutras embalagens que apresentem o mesmo símbolo e por aí fora.


Opacos vão para opacos

 

Já acabámos? Não, ainda há mais uma questão a ter em conta: alguns produtos são inactivados pela luz (o exemplo mais comum é o da Vitamina C, que é transformada pela luz e perde a sua actividade). Estes produtos são geralmente embalados em materiais opacos de modo a evitar a degradação por parte da luz. Por isso, por prevenção, todos os produtos que estejam embalados em materiais opacos ou vidro acastanhado (que é o chamado vidro âmbar tipo III e evita que a radiação chegue ao produto e o altere), têm de ser transferidos para materiais semelhantes. Bem sei que muitas vezes não é possível encontrar estes materiais opacos com facilidade, por isso deixo-vos um truque que se aprende em farmácia: quando não há material que proteja da luz, enrola-se a embalagem em papel de alumínio.


Nunca misturar produtos

 

Esta é uma recomendação final, que sei que muita gente opta por não cumprir, mas se eu escrever isto, pelo menos sei que fiz a minha parte ao avisar: não misturem produtos. Misturar dois tons da mesma base, por exemplo, não deve ter qualquer problema porque o que geralmente muda é apenas a quantidade de pigmento ou o tipo de pigmento, mas misturar dois produtos diferentes é decididamente um NÃO.

Imaginem apenas que se um óleo conseguiu corroer completamente o plástico do potinho TBS em poucos dias, imaginem o que dois produtos com ingredientes activos podem fazer entre si... Desde formarem substâncias novas por reagirem entre si (que podem ser prejudiciais para a vossa pele), a inactivarem-se mutuamente ou mesmo a nível de contaminação microbiana, porque os conservantes de um produto estão preparados para proteger aquele produto, não estão preparados para proteger uma mistura daquele produto e outra coisa qualquer. Se os cosmetologistas já têm dificuldades em misturar substâncias e fazer com que tudo corra bem (e eles sabem o que estão a misturar e quais as suas propriedades e com que substâncias aquele material reage), o comum humano terá certamente muitos mais problemas ao fazê-lo.

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